Sinopse:
Filme mudo. Luis, estróina carioca, é contratado por um usineiro mineiro para substituir o vilão Pedro Bento na gerência da usina. Apaixona-se por Anita, filha do usineiro. Cartas anônimas de Pedro levam o namoro, mantido em segredo, ao conhecimento do usineiro, que não aceita o casamento por não conhecer a família de Luis e afasta sua filha da usina. Prosseguem o namoro em segredo. Pedro, por vingança, dinamita a chaminé da usina. Pedro e Luis se enfrentam numa luta que leva à morte do vilão. O usineiro, que ficou sabendo da família de Luis, autoriza o casamento.
Contexto:
Se o pioneirismo de Humberto Mauro é um lugar-comum que pouco diz sobre sua importância para o cinema brasileiro, gosto de brincar que o cineasta mineiro é o nosso primeiro cinéfilo. Principalmente quando pensamos em seu primeiro longa-metragem, Brasa Dormida, e atestamos ser um filme muito bom, ambicioso, no qual já pulsa sua inspiração em King Vidor e D.W. Griffith — pioneiros do cinema estadunidense do qual ele porta o tom de aventura, a cadência ritmada, a confluência de gêneros e o apuro técnico em condições incipientes. Porém, é importante notar que as qualidades mais marcantes de Brasa Dormida também refletem sua origem muito brasileira e a influência da Semana da Arte Moderna de 1922, sendo um filme vanguardista (a fotografia é surpreendente), que abusa da experimentação artística (a cena de sexo é maravilhosa), que é romântico, é realista, é social e, com seu forte apelo regionalista, expressa e exalta a identidade do povo brasileiro.
Por Rodrigo Torres