Na solidão da noite (1945)

Sinopse:

Walter Craig (Mervyn Johns) é um arquiteto que sofre pesadelos constantes. Quando ele é convidado para passar um final de semana no campo, ele não imaginava que ao chegar lá ele se depararia com todas as pessoas que povoam seus horríveis sonhos. Ele ouve das pessoas, que nunca o tinham visto antes, histórias fantásticas que já aconteceram com elas. O primeiro conto é “O Motorista da Funerária”, o segundo “O Conto de Natal”, o terceiro “O Espelho Assombrado”, o quarto “O Conto do Golfe” e o quinto e último é “O Ventríloco Idiota”. Todas essas histórias são “amarradas” pelo enredo central que se passa na casa de campo.

Contexto:

Filme de antologia. A desconfiança do Sr. Craig com seus sonhos com os presentes num hotel. Filme se arvora na intenção de contar determinadas narrativas através de acontecimentos fantásticos que se justifiquem ao nas interpretações de todos a respeito da mentalidade do Sr. Craig. Parte da criação de climas de terror variados – com farto uso da trilha sonora para tal – em várias estórias, sonhos, alucinações e aparições fantasmagóricas. Os excertos citados acabam sendo provenientes das mentes dos personagens que Sr. Craig encontra num hotel afim de descobrir o que diabos está acontecendo consigo e assim buscar uma solução para seus medos e anseios. A câmera se aproxima no contar das estórias perscrutando aqueles ambientes de mistério, além de fazer este movimento para um aumento de tensões, com alternâncias de tom (como o tom mais jocoso da terceira parte), demonstrando que cada figura tem suas estórias idiossincráticas umas das outras. Desde perseguição fantasmagórica à dupla personalidade via ventriloquismo. A intenção pelo caráter antológico cria uma lógica repetitiva dentro da narrativa que circunda os personagens a praticarem a fabulação de suas estórias fantasiosas que estão ali não somente para cobrir seus anseios próprios mas, sim para contribuir na problemática de descoberta do protagonista e como estas questões podem e vão assim afetá-lo. Há um esperto usufruto dalguns planos distorcidos ao final, no encaixar das estórias onde se cria um clima semi tétrico em aspecto de pesadelo no qual uma lógica circular e viciosa é defenestrada e mostrada como campo sem finda para o seu protagonista que estaria eternamente preso em seus pesadelos simbólicos, e que teria de revivê-los através de sua mente e pelos olhos de seus colegas até ali. O espanto aqui é pela junção do processo como um todo montado para ser um pesadelo final que abarque toda a gama de fantasias soltas até ali a se encaixarem numa elucubração maior.

Por Ted Rafael

Assista ao filme: